# 114

Toca a campainha da casa de Sara. Ela abre a porta e vê que era Afonso e parecia ainda mais triste do que durante o dia. Sara abraça-o e sussurra-lhe ''Tudo passa, tudo se resolve...''
Afonso olhou-a, beijou-a e dirigiu-se para a sala. Sara não gostava daquela ambiente, monótono. Parecia que o tempo demorava a passar e isso não era normal neles...
- Vou fazer pipocas, queres ajudar-me? - perguntou-lhe Sara, exitando um pouco.
- Claro tonta, já sabes que eu gosto de pipocas com açúcar e caramelo!
- Oh, não me gozes! Daquela vez foi sem querer... - correndo para a cozinha onde ele já se encontrava.
Soltaram grandes gargalhadas, ouvindo-se pela casa inteira. Aquelas gargalhadas não eram desconhecidas, pareciam relembrar alguns momentos de cumplicidade que haviam passado anteriormente...
O filme acabou e Afonso deixou-se dormir com a cabeça nas pernas de Sara e assim permaneceu. Não o quis acordar, algo lhe dizia para o deixar ali, sossegado perante as festas ao cabelo que lhe fazia. Porém no dia seguinte quando acordara já o sol ia alto. Afonso sacudiu os cabelos e olhou para as horas, levantando-se rapidamente para procurar Sara. Encontrou-a no jardim e gritou-lhe que não o devia ter deixado dormir ali.
Sara aproxima-se:
- Desculpa Afonso...
- Deixa-me.
Sara põe-lhe a mão no ombro e pergunta:
- É mesmo isso que queres?
Afonso abraça-a com força, mas Sara não se importou... Ali ficaram assim por longos minutos sem sequer dizer nada. Sara fez com que ele sentisse que ela estava ali para o ajudar e não para o julgar.
- Conta-me o que se passa Afonso.
Ele acabou por contar. Os seus pais iam-se divorciar e não sabia como reagir àquilo. Tinha vergonha de contar às pessoas, talvez porque não queria passar a ser o azarado, queria passar despercebido como sempre. Passados uns longos meses, Afonso habituou-se à situação e já reagia de outra forma.
Os dias passavam cada vez mais lentamente. Sara estava distante de Afonso, já não lhe contava nada nem o convidava para irem ver filmes juntos. Algo tinha mudado, até que Afonso ganhou coragem e lhe perguntou o que se passava.

Continua...

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