# 125

(Desculpem esta demora, mas não tenho andado muito inspirada)

- Sara, preciso de falar contigo... - informou-a. Viu-se nos olhos dela que esta frase a assustou - tal como a todas as pessoas-.
- Uhnn, conta lá.
- Já deves ter reparado que andamos distantes e não quero isso. Foram os meus comentários sobre as gomas que tu compras que te incomodaram? Nunca mais os faço. Eu adoro-te Sara, mesmo muito e morro de saudades da nossa cumplicidade.
- Foi esse ''Adoro-te'' que fez com que eu me afastasse... - e foi-se embora.
Afonso ali ficou, quieto, sem se mexer. Como se tivesse recebido a pior notícia que alguma vez recebera... Começou a chover e ele foi andando com as gostas de água a caírem-lhe pelo rosto... Resolveu ligar-lhe, mas não fazia sentido se estava tão perto de sua casa. Então foi a casa dela. Tocou à campainha e quem lhe abriu foi a sua mãe, dizendo que Sara não estava em casa e que tinha ido jantar com a Matilde, a sua melhor amiga.
Sara foi jantar com Matilde porque tinha que lhe confessar o que estava à vista de toda a gente, menos do Afonso, talvez por ser tão ingénuo...
- É, eu gosto dele...
- Eu sabia Sarocas, não te quis dizer nada porque achei melhor tu vires ter comigo e veres que me tens aqui, muito embora de nos últimos meses quase não me falares. Mas enfim, como tu dizes... Tudo passa, tudo se resolve.
- Neste caso não, eu gosto dele Matas, e agora? Conto-lhe? Faço com que ele entenda por ele próprio? - parecendo confusa.
- Conta-lhe, sabes que o Afonso é um tapadinho e não compreende as coisas por mais que lhe digas...
E assim foi, no dia seguinte Sara foi falar com Afonso e contou:
- Bem... Afonso. Eu tenho que te confessar uma coisa mas... Pronto, aqui vai... Ontem tive que ir embora, a Matilde estava a minha espera e...
- Ah sim, eu fui a tua casa e a tua mãe disse-me isso. - interrompeu-a. Mas sim, continua.
- Bem... eu quero confessar-te uma coisa, mas tenho receio da tua reacção.
- Oh, até parece que me hei-de chatear fofa. Conta-me...
- Então aqui vai... Eu distanciei-me de ti porque acho-te uma pessoa forte e bonita, e... pronto, uma pessoa diferente.
- Eu só era assim porque estava contigo e tu fazes-me bem Sara, e eu gosto muito de ti. És a minha melhor amiga, afinal! - rindo-se e abraçando-a. Sara rejeitou o abraço e continuou.
- Mas eu gosto de ti não só como melhor amigo. Gosto de ti como...
- Estou a compreender... Sara eu não te quero como isto (e deu-lhe um beijo no rosto), eu quero-te como isto (e deu-lhe um beijo nos lábios).
Sara ficou sem palavras, mas continuou assim. Realmente estava a gostar, e pelos vistos ele também. Começaram a namorar, mas Matilde sempre quis que Sara tivesse consciência de que os amigos resultam em namorados, mas namorados raramente resultam em amigos... Pois bem, ela sabia-o. Mas também sabia que amava demais Afonso para se deixarem de qualquer maneira. E acredito que hoje ainda os passamos encontrar a ver um filme...